domingo, 26 de outubro de 2014

Eleições: o segundo turno e o ódio


 
Chegamos ao fim de uma corrida eleitoral diferente e aproveitando o momento de grande interesse de todos em melhorar o nosso país, gostaria de contribuir com essa reflexão, que nada mais é que uma análise, não profissional, de como nos portamos neste segundo turno, identificando alguns pontos em que podemos avançar.


O Facebook

 

Nessas eleições tivemos uma ferramenta extremamente democrática em mãos, o Facebook. Pela primeira vez estivemos menos dependentes da grande mídia. E apesar de uma melhora na divulgação de ideias, principalmente no primeiro turno, infelizmente não soubemos aproveitar da melhor maneira.

No início do segundo turno, a grande maioria dos votos já estava decidida. A missão, principalmente na rede social, era buscar os indecisos. Iniciou-se então um discurso de ódio vazio. O jogo era rebaixar ao máximo um candidato fazendo disso um motivo para votar no outro.








Sim, os candidatos eram medianos e esse discurso foi apenas uma extensão dos debates na TV. O problema é que ele não convenceu ninguém. Quem estava indeciso ou quem buscava pensar da melhor forma possível, ao final, acabou desistindo de usar o Facebook e nossa poderosa ferramenta se transformou num mero suporte para compartilhamentos baixos e descontrolados. Não se procurava a veracidade da informação antes de divulgá-la, não se levava em conta os exageros, as maquiagens e nem mesmo o autor da publicação. "Ao meu favor é 100% verdade, contra mim é pura mentira". Os compulsivos foram até o fim. Tomaram conta. Um desperdício lamentável. Porque apenas o ódio não faz sentido, não em um campo onde o raciocínio é fundamental. E assim, deixamos de aproveitar parte da força democrática que a internet nos oferece.


As paixões


Eu amo o Cruzeiro. Eu odeio o Atlético MG. Você pode odiar o Cruzeiro. Isso funciona no esporte de uma maneira emocional. Mas trazer isso à política beira ao irresponsável. Ao fazer isso, eu abro mão de raciocinar para racionalizar. Racionalizar é buscar sentido lógico naquilo que sentimos, é justificar os sentimentos para satisfazer a parte pensante do cérebro. Se eu odeio um candidato, automaticamente vou considerar todos os seu feitos ruins e lhe atribuir todos os problemas, assim fico com a consciência tranquila para odiá-lo livremente. Acontece em um nível inconsciente. E nos enfraquece.

Precisamos ter a humildade e a responsabilidade de nos questionar a todo momento: "até que ponto minhas paixões antigas, meu ódio ou meu amor estão influenciando a minha conclusão nessa questão?"
Esse pequeno gesto cada vez que nos depararmos com uma informação nova faz uma diferença gigantesca ao longo do tempo. Acredite, ninguém está livre das influencias de seu lado emocional, não há como se livrar dele, mas reconhecê-lo é importantíssimo.

Quando busco ler apenas aquilo que alimenta a minha paixão (ódio é uma forma de paixão), estou trocando a oportunidade de me desenvolver pela satisfação de um desejo pessoal. Vou entrando cada vez mais em minha "caverna", onde o mundo é apenas sombras distorcidas da realidade. Algumas pessoas mergulham tão fundo nisso que se manifestam de maneira inacreditável.





Avante Brasil 

 

O ideal é buscar informação em variados tipos de fonte, sabendo que nenhuma delas tem um compromisso certo com a verdade, todas possuem compromisso com os próprios interesses. Interesses muitas vezes maléficos e sorrateiramente escondidos. Não acredite em um texto imparcial, nem o mais profissional e qualificado ser humano é capaz de exercer a imparcialidade.Quem lhe diz que está passando informações de forma imparcial, na verdade está apenas passando as próprias convicções como verdade, bloqueando qualquer interesse em se fazer uma análise.

Cabe a você fazer a “digestão” de cada leitura, aproveitar aquilo que foi interessante e eliminar aquilo você não considera nutritivo, isso se chama ter SENSO CRÍTICO.

Amigos, ao avançarmos no campo das ideias, nosso país
inevitavelmente avança, seja qual for o presidente.

Grande abraço

2 comentários:

  1. Não é atoa que patologia (palavra derivada de pathos "paixão") é usada para designar doença na medicina moderna. Paixão sem senso crítico é nada mais do que doença ( a não ser nas relações amorosas, isso seria plenitude mas não vem ao caso). O "clubismo" que invadiu o Facebook nos últimos dias (por pessoas sem estudo, graduados, mestres e doutores) é no mínimo preocupante. Mas vamos ao único ponto que descordei do texto: a ultima frase. Avançar no campo das ideias é apenas o primeiro passo. Precisamos de ações concretas da população para que nossos governantes nos temam! Para que nos temam mais do que temem os banqueiros e empresários. Fui enganado pela "revolta do toddynho" de julho de 2013, mas isso já é uma outra história. Parabéns e continue com o Blog!

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